sábado, 22 de dezembro de 2007

UM CAFÉ À TARDE ...

O vento assobiava por entre os ramos nus das árvores; enquanto o sol espreitava, aquecendo todos os que, embrulhados em quentes agasalhos, o procuravam
Na sua passada apressada, Maria, atravessava a Praceta . Ao fundo, vislumbrava já, as cadeiras vermelhas da antiga esplanada por si frequentada durante longos anos.
Suas pernas hesitavam no andamento.
Seria boa ideia regressar a um lugar de onde guardava as melhores recordações das suas vivências de estudante?
Cada vez mais perto, seu coração batia descompassadamente.
Seus olhos marejados de água, pelas recordações que , como num filme, lhe trespassavam o pensamento, procuravam um vulto conhecido.
A proximidade era cada vez maior. O coração pulsava com grande vigor. As pernas pesavam.
Ei-la chegada.
Olhou em volta, enrolando mais a gola de pêlo que lhe envolvia o pescoço, procurando um lugar para se sentar.
No cantinho, estava uma mesa livre. Caminhou para ela, olhando de soslaio todos os que por ali permaneciam.
Sentou-se virada para o rio que espelhava os reflexos dourados de um sol envergonhado mas apetecido.
Permaneceu, assim, por largos minutos.
Pediu um café. Degustou-o, lentamente, olhando o ondear das águas platinadas.
O silêncio do seu pensamento foi quebrado pelas gargalhadas, estridentes e sinceras, de um grupo de jovens que entretanto se sentara, sem que disso desse conta.
Olhou. Sorriu.
Afinal, a vida continuava e as recordações ficavam. Valiam o que valiam.
Pegou no seu livro que abriu onde estava o marcador.
Começou a ler saboreando, com ternura, aquele fim de tarde.
Afinal, a vida decorre deixando marcas, boas e más, para que sintamos que estamos vivos.

por, isabel

Festas felizes